O sonho de muitos jovens em ser descoberto por um empresário de futebol levou pelo menos dez adolescentes do Paraná a cair em um golpe de um estelionatário, segundo investigação da polícia do Paraná.
Passando-se por ex-jogador de times como Náutico e Coritiba, Eder Carlos Silva, de 42 anos, se aproximava dos jovens jogadores, de 15 a 20 anos, em pequenos campos de Curitiba, e pedia de R$ 200 a R$ 2 mil de cada um deles com a promessa de fazer contratos e levá-los para treinar no Rio Grande do Sul ou em clubes do exterior. Silva foi preso na tarde desta segunda-feira (21) por policiais da Delegacia de Estelionato.
A informação foi divulgada nesta terça-feira (22). “O acusado dizia aos jovens que tinha bons contatos na Federação Paranaense de Futebol (FPF) e na Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Ao dizer que os meninos tinham potencial, iludia-os e pedia dinheiro para a peneira que iria fazer. Tem meninos que foram enrolados por mais de um ano, pelos depoimentos que deram, e que tiveram prejuízo total de R$ 2 mil”, conta o delegado responsável pelas investigações, Cassiano Aufiero.
As abordagens ocorriam em campos de futebol dos bairros Barreirinha e Juvevê, na capital paranaense. A polícia investiga ainda a possibilidade de que alguns jovens de Maringá (no Noroeste do Paraná) teriam sido atraídos pela proposta e ido para Curitiba seguindo o falso empresário.
Com o objetivo de se tornar um jogador de futebol desde criança, Diego dos Santos Fernandes, de 18 anos, foi um meninos que teve contato com Silva. “Parei de jogar bola por algum tempo por causa de uma lesão no joelho e, em janeiro, fui ao centro de treinamento do Atuba (em Curitiba) fazer um amistoso contra o Coritiba. Comentei com um amigo que estava sem clube, sem ter onde jogar e esse amigo, que também caiu no golpe, me indicou para este cara, sem saber a furada que era”, lembra o jovem, que mora em Almirante Tamandaré, cidade da Região Metropolitana de Curitiba.
Para Diego, Silva fez a promessa de levá-lo para jogar no Rio Grande do Sul. “Me interessei em fazer o teste, então marquei um dia. Quando cheguei, nem precisei fazer o teste e ele já veio dizendo que precisava de R$ 280 para pagar minha passagem para o Rio Grande do Sul. Que tipo de empresário faz isso?”, questiona o jovem, que não chegou a dar dinheiro para Silva.
Segundo Diego, a história foi ficando cada vez mais esquisita. “Com promessas grandes, ele iludiu todo mundo, mas a tal viagem nunca acontecia. Ele dava desculpas, como o pai que estava no hospital ou a mulher que estava grávida. Empresário geralmente chega no treino com carro bonito, ele não, mas, mesmo assim, enganou todo mundo certinho mesmo”, relata o adolescente, que depois de um tempo começou a ficar apreensivo com a história.
Em poucas semanas, começaram as ameaças. “Teve um dia que ele reuniu alguns de nós no Parque Barigui e chegou com um monte de dinheiro. Naquele momento, eu comecei a sentir medo. Para alguns dos meninos, ele dizia que sabia onde moravam, porque tinham preenchido um formulário entregue por ele. Falava também que sabia onde a mãe deles trabalhava, por exemplo”, revela.
Investigação
De acordo com outros relatos colhidos pela polícia, nos últimos meses o golpista juntou uma pequena turma de jovens e fez uma espécie de escolinha em campos municipais de Curitiba. “Ele cobrava mensalidade de R$ 20 a R$ 80 dizendo que tinha que pagar aluguel pelo campo, embora o local seja público e qualquer um tenha acesso”, diz o delegado.
De acordo com as investigações, os pais dos jovens atletas também eram vítimas no golpe, pois davam o dinheiro solicitado pelos filhos. Os jovens chegavam em casa com um contrato forjado. Depois de preso, Silva admitiu ter pegado o dinheiro dos garotos, mas afirmou que sua intenção era ajudá-los a seguir carreira de jogador de futebol, embora não tivesse nenhum contato com clubes. Após prestar depoimento e ser autuado em flagrante por estelionato, Silva foi encaminhado ao Setor da Carceragem Temporária da Delegacia de Estelionato
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