terça-feira, 20 de março de 2012

Pesquisa testa novo método natural de fertilização do cultivo de tomate organico.

Projeto propõe uma forma natural de adubar o tomate orgânico, sem comprometer o solo
 Projeto propõe uma forma natural de adubar
o tomate orgânico, sem comprometer o solo
Divulgação / UFRRJ

O estado do Rio de Janeiro produz cerca de 75 milhões de quilos de tomate, de acordo com a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Rio de Janeiro (Emater-Rio). Só no Ceasa, do Rio, a comercialização do fruto movimentou R$ 73 milhões, em 2010. Por sua vez, a demanda pelo tomate orgânico, livre de pesticidas, vem crescendo. Considerando a importância econômica do setor e a necessidade de promover o cultivo sustentável do tomate produzido no estado do Rio de Janeiro, o engenheiro agrícola Leonardo Duarte, professor e coordenador do curso de Engenharia Agrícola e Ambiental da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), estuda uma forma ecologicamente correta de fertilização do solo. Ele investiga como reaproveitar a água utilizada na lavagem de currais, com resíduos orgânicos do gado leiteiro, para adubar adequadamente o solo para a produção de tomate orgânico.
O estudo conta com recursos do edital de Apoio às Engenharias, da FAPERJ. De acordo com o pesquisador, a irrigação dos tomateiros com a água que contém resíduos de excrementos de bovinos, melhora sensivelmente as características físicas, químicas e biológicas do solo. “O aproveitamento de águas residuais para a fertilização de culturas agrícolas, por meio da fertirrigação, possibilita o aumento da produtividade e da qualidade dos frutos colhidos, além de reduzir os custos de produção e a poluição ambiental; por ser uma forma natural de adubação, pode dispensar o uso de agroquímicos”, destaca Duarte.
Adubar com água residual na dose certa
O desafio, contudo, é encontrar a medida exata para a aplicação dessa água com rejeitos do curral. Ela não deve servir como fonte de irrigação sem orientação técnica, já que o nitrogênio proveniente da matéria orgânica do gado diluída na água, quando aplicado em excesso, pode prejudicar o solo e até causar a morte do tomateiro – depois de ser convertido em nitrato por bactérias que habitam a superfície do solo. Por isso, as metas do projeto são avaliar os efeitos da fertirrigação, com diferentes doses de água residual, no solo, e, então, observar as características fisiológicas e de produção do tomateiro.
Trocando em miúdos, o projeto estuda uma forma alternativa de aumentar a produtividade do tomate orgânico sem comprometer a qualidade do solo. “O objetivo é impulsionar a produção orgânica e dar um destino sustentável à água com rejeitos bovinos, que se torna um passivo ambiental. Muitas vezes, ela é descartada sem critério no solo ou nos rios. Isso polui o meio ambiente porque o nitrogênio presente na matéria orgânica eliminada por bovinos e dissolvida na água pode salinizar o solo e torná-lo improdutivo, além do risco de poluir o lençol freático, ou seja, contaminar águas subterrâneas”, explica.

 Divulgação / UFRRJ
 O pesquisador Leonardo Duarte, no centro, e os estudantes Marcos Filgueiras e Geovana Guimarães: trabalho em equipe
O pesquisador Leonardo Duarte, no centro, e os estudantes
Marcos Filgueiras e Geovana Guimarães: trabalho em equipe
O cultivo experimental dos tomateiros está sendo realizado em uma grande estufa no Centro Estadual de Pesquisa em Agricultura Orgânica da Pesagro-Rio, no campus de Seropédica. Lá, o professor Leonardo Duarte e equipe vêm observando, desde meados de 2011, os impactos da irrigação com água residual, utilizando diferentes concentrações de nitrogênio no solo. A espécie escolhida para o cultivo orgânico foi a Lycopersicon esculentum, conhecida popularmente como tomate perinha, por ser bem adaptada ao clima quente da região. “Os pés de tomate perinha são intercalados com os de coentro, que agem como defensivos biológicos, ajudando a repelir naturalmente as pragas dos tomateiros ”, conta.
Depois da irrigação com água residual, testando concentrações variadas de nitrogênio – 0%, 50%, 75%, 100%, 125% e 150%, determinadas em função da necessidade nutricional do tomateiro –, os efeitos para o solo são monitorados. “Após cada teste com uma diferente concentração de nitrogênio, extraímos amostras da solução do solo para avaliação posterior das propriedades químicas, no Laboratório de Meio Ambiente, na UFRRJ”, conta Duarte, lembrando que o espaço de pesquisa foi montado exclusivamente com apoio da FAPERJ. “Queremos controlar o nível de nitrogênio no solo na profundidade efetiva das raízes das plantas e abaixo dela, para que o solo não seja prejudicado pela presença excessiva dessa substância que tem potencial de salinização”, completa.

Os testes ainda estão em curso e, por enquanto, a produtividade dos tomateiros irrigados com a água rica em matéria orgânica bovina apresenta bons resultados. “Na primeira colheita, a produção média semanal foi de 100 gramas de tomate perinha por cada pé”, diz o pesquisador. “Além da produtividade e das propriedades do solo, ainda vamos avaliar outros critérios, como a qualidade dos frutos, verificando inclusive seus nutrientes e o nível de desenvolvimento das plantas”, completa.
O cultivo experimental de tomateiros está sendo feito nas estufas do campus de Seropédica, da Pesagro-Rio
O cultivo experimental de tomateiros está sendo feito
nas estufas do campus de Seropédica, da Pesagro-Rio
Divulgação / UFRRJ

                                                            
 
 
Para Duarte, o apoio da FAPERJ para a montagem do Laboratório de Meio Ambiente veio em boa hora, já que vai atender a todos os alunos da Engenharia Agrícola e Ambiental e também aos estudantes de outros cursos da UFRRJ. “O laboratório será utilizado para pesquisas e poderá servir de apoio ao futuro curso de mestrado em Engenharia de Biossistemas, da universidade”, conclui. O projeto está sendo desenvolvido em parceria com a Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado do Rio de Janeiro (Pesagro-Rio), Embrapa Agrobiologia e Embrapa Solos.
Ao lado do professor Leonardo Duarte Batista da Silva, participam do projeto os alunos – todos da UFRRJ – Marcos Filgueiras Jorge, mestrando do curso de Agricultura Orgânica e bolsista da FAPERJ; Geovana Pereira Guimarães, graduanda de Engenharia Agrícola e Ambiental e bolsista de Iniciação Científica do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq); Jane Andreon Ventorim, graduanda de Engenharia Agrícola e Ambiental e bolsista de Iniciação Tecnológica da Fundação; e João Paulo Francisco, graduando de Agronomia e também bolsista da FAPERJ, de Iniciação Científica, bem como os professores do Departamento de Engenharia da UFRRJ, Daniel Fonseca de Carvalho, Jonathas Batista Gonçalves Silva e Alexandre Lioi Nascentes.

Todo Mérito e texto: FAPERJ – Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro

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